Paris, 2015. Durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP 21, discutia-se sobre a criação de meios de transporte sustentáveis, como carros elétricos e transporte coletivo sobre trilhos. De forma muito perspicaz, o urbanista Carlos Moreno sugeriu um novo rumo à discussão: “Talvez o problema não fosse espaço, e sim tempo. E se reduzíssemos nossos deslocamentos e as horas perdidas no trânsito?”
A partir desta reflexão, Moreno apresentou ao mundo um conceito simples, porém desafiador, ao qual nomeou de “Cidades de 15 minutos”. O urbanista defende a ideia de que os cidadãos devem ter acesso ao essencial perto de casa. Ele resume essa “essência” em seis ações: viver, trabalhar, comprar, cuidar, educar e divertir-se. Segundo essa lógica, todo morador de Paris tem direito a mercearias, lojas, restaurantes, livrarias, parques, escolas, áreas de lazer — e, se possível, ao próprio local de trabalho — a no máximo quinze minutos a pé de sua casa.
Recentemente, seguindo essa tendência mundial, a prefeitura de Porto Alegre anunciou a criação de um Programa de Revitalização do Centro Histórico da cidade. Dentre outras propostas, o Programa visa atrair novos empreendimentos para a região, sobretudo residenciais. A prefeitura tem como meta dobrar o número de moradores no Centro.
Há algum tempo, em ECONOMIZAR É ‘MORAR’ BEM!, discorri sobre como a distribuição da cidade afeta diretamente na vida das pessoas e em seus deslocamentos diários. Além disso, menciono sonhos, alguns já alcançados e outros ainda a concluir. Ainda que esse tenha sido um ano extremamente difícil, felizmente consegui alcançar outro sonho antigo. Não, ainda não me mudei para Paris… Mas, como diz aquele velho e conhecido ditado “Se a montanha não vai a Maomé, vai Maomé à montanha“. Há aproximadamente um mês mudei para um bairro da região central, há exatamente 1,5 km do meu trabalho, para o qual, além de uma infinidade imensa de linhas de ônibus, tenho a possibilidade de ir de bicicleta ou mesmo andando.
Hoje, tenho a felicidade de dizer que já vivo em uma cidade de 15 minutos. Tempo que, anteriormente, excedia só durante a espera do ônibus na parada. Não é preciso nem comentar sobre a oferta de comércio, escolas, hospitais, parques e praças. Se o carro já me fazia pouca (ou nenhuma) falta antes, como mencionado em outro artigo, agora vejo ainda menos necessidade.
Espero que a revitalização da área central da cidade dê a mais pessoas a oportunidade de conhecerem esse conceito e saírem de suas cidades, não as de 15 minutos, mas as de uma hora ou de uma hora e meia…
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