Existe uma velha máxima em Direção Defensiva que diz: Numa rodovia é importante que você olhe adiante do motorista que segue a sua frente. Qual a lógica desse raciocínio?
Em alta velocidade é fundamental que você tenha essa percepção, pois pode identificar qualquer condição adversa a distância, com isso, terá tempo e espaço suficiente pra controlar seu veículo.
Pois bem, dito isso, vamos aos fatos em que esse personagem que vos fala, se meteu:
Em meados de 2000 e alguma coisa, trabalhava no Policiamento Rodoviário e numa determinada noite saímos, eu e Jairo, do trabalho exatamente às três horas da manhã da Base de Operacional de Limeira com destino a Araras e Pirassununga respectivamente.
Três horas da madrugada só existe uma única empresa de ônibus (que aqui, vamos manter no anonimato) que passa ali, com destino ao interior.
Ônibus lotado, último horário é nesse mesmo que vamos, bora lá!
Aumentando a emoção e adrenalina, chovia muito, aquela chuva que São Pedro jogava de balde no parabrisa do busão. Aliado a isso, percebi um excesso de confiança no "profissional" do volante ao usar o pedal do acelerador como se fosse Airton Senna naquela volta magistral em Donington Park há exatos trinta anos. Foi a primeira manifestação do meu esfíncter.
Já que falamos de motorista profissional, vamos fazer um breve adendo: muitos tem o hábito de se vangloriar através de comentários como: "conheço essa rodovia como a palma da minha mão! Conheço cada retorno, cada km!"
Tá! Legal! Mas lembre-se que o trânsito é mutável.
Retornemos ao nosso caminho de casa, relembrando, pé pesado e pista molhada.
No Km 160 dessa conhecida Rodovia, de longe avistei uma carreta atravessada sobre a via, ela não deu "L", deu "Z", já que era um treminhão, obviamente, parou tudo. Outra manifestação do meu esfíncter, sendo assim e por desencargo de consciência, comentei com o motorista: "Vixi! Tá tudo parado lá na frente!
Ele simplesmente ignorou meu comentário, mantendo um semblante de indiferença, sem nenhum comentário sobre aquele "tromboio" atravessado.
Pensei comigo: "Ele é profissional, deve saber o que tá fazendo!" Doce engano! Ao perceber que realmente tudo estava travado, ele pisa desesperadamente no freio. Lembra do meu esfíncter? Travou as rodas.
Imaginem esse Pão Pullman dançado sobre a Rodovia. Detalhe, eu estava dentro. Em Direção Defensiva ele aprendeu que ao travar as rodas devemos aliviar pressão nos freios, Ok ? Ok nada, o ônibus ia colidir com a carreta sobre a pista, a única solução era desviar, ele me vira o volante para o barranco e grita: SEGURA! Minha única alternativa era abraçá-lo, mas não deu tempo, o ônibus subiu no barranco e voltou.
Não fez absolutamente nada no buzão. Imaginem o desespero dos passageiros? Já que o "serviço (cagada)" estava feito e como forma de amenizar sua consciência, ele abre a porta dos passageiros e grita: "TÁ TRANQUILO! O GUARDA TAQUI!" Pensei com meu esfíncter: "QUE TEM EU?"
Eu sou branco neve, estava transparente, não fiz naquele momento, porque não havia nada pra sair. MALDITO! Eu cantei a bola pra ele, e mesmo assim me ignorou. Sabem o que é isso?
ROTINA DO DIA A DIA! Passo aqui todos os dias, sou dono da situação, conheço cada Km dessa rodovia... NÃO CAIAM NESSA ROUBADA! Nunca mais andamos (Eu, Jairo e meu esfíncter) com aquela empresa, tampouco com o aquele motorista "profissional".
Texto com humor, porém também é instrutivo e agrega conhecimentos relevantes.