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Foto do escritorStefania Alvise

O trânsito é feito de pessoas, logo é feito de histórias!




A mobilidade faz parte da vida de todos desde o nascimento. Na antiguidade, os povos migravam a pé, em cima de animais, carroças, carruagens, liteiras, enfim, o ser humano sempre foi explorador por natureza. Lutou por territórios e luta até hoje, nem que para isso, tenha que matar sua própria espécie. Os números de mortos no trânsito passam da quantidade de vítimas em guerras. É nítido que a contagem das vidas perdidas é falha tanto na guerra por questões ideológicas, políticas ou territoriais quanto na guerra do trânsito.


Cada morte, se for contabilizada como derivada de sinistro de trânsito, tem custos altos aos cofres públicos, dinheiro este que poderia retornar à população sob diversas vertentes e necessidades locais e regionais tanto na educação quanto na saúde infraestrutura. As estatísticas não comovem, tanto que, o número de óbitos por COVID-19 chegou ao intolerável. O ser humano precisa passar pela experiência para aprender, muitas vezes, sem a segunda chance para fazer o certo, principalmente no trânsito. Bastam quatro segundos para que uma vida acabe, que um osso se quebre, que uma família fique traumatizada. Passar pela experiência é a forma mais dolorida de se aprender, é saber que o choro não trará a pessoa de volta, que muitas vezes a fisioterapia não surtirá bons resultados, que as dores serão as companheiras diárias do processo de lenta recuperação, é ter a culpa como gatilho para demais doenças psicossomáticas que serão produzidas no organismo e mente de quem fica após um “acidente” nas vias ou rodovias.



Quando era criança, por volta dos 10 anos, morava no Rio de Janeiro e fomos viajar em férias para Minas Gerais, era o meio do ano época mais fria, mesmo assim, foi a maior alegria, arrumamos as malas, compramos presentes, acordamos cedo e saímos. Não me lembro das férias, somente do acidente que vimos na estrada! Um veículo em alta velocidade ultrapassou meu pai, perdeu o controle e capotou diversas vezes na pista. Como escrevi acima, deve ter durado uns quatro segundos, mas na minha percepção de criança parecia ter durado 10 minutos. Haviam crianças no veículo, nenhuma com cinto se segurança, na verdade nem nós estávamos, não havia esta cultura em 1985. Meu pai tentou parar, mas era perigoso, pois não havia acostamento, parou no primeiro posto policial avisando do acidente. Eu não sei se as pessoas que estavam lá morreram ou ficaram feridas. Seguimos a viagem, durante os pedágios meu pai foi perguntando e o pessoal não tinha informação. Como criança aquilo me marcou, não consegui compreender porque o motorista estava com tanta pressa a ponto de colocar as vidas quem estava lá em risco! Eu já me perguntava isso naquela época, faz mais de 35 anos e me lembro até hoje do barulho do carro literalmente rolando na pista!


Esta imagem voltou forte quando ontem voltando de Minas Gerais para o Paraná, perto de Campinas, o aplicativo indicou um acidente com pequeno congestionamento. Aquela imagem veio na hora! Quando chegamos perto, um veículo capotado, um corpo na pista, e um corpo já coberto. Que cena triste! Engoli o choro, fiz uma oração, imaginei a família, os amigos recebendo a notícia da forma violenta como essa pessoa partiu. Não chegou ao destino, ficou no meio caminho! Hoje, ele não foi trabalhar ou não abraçou quem foi encontrar! O ano passado mais de trinta mil pessoas não voltaram para casa!


O trânsito é feito de pessoas, logo é feito de histórias, de encontros, sonhos, retornos, mudanças, esperanças, nunca deveria ser campo de batalha por espaço, por velocidade, por comportamentos inadequados, irresponsabilidades onde vidas são ceifadas! Todos deveriam sair e chegar em segurança! Como a utilização do cinto de segurança foi uma cultura adquirida com o tempo, a educação do cidadão para a cultura da paz no trânsito e a redução deste cenário atual, deve começar na infância, nas escolas, nos bons exemplos, nas boas práticas. A criança tende a reproduzir comportamentos aprendidos e muitos deles vêm de quem mais comete imprudência, os pais ou adultos próximos. Como dizia minha avó em Minas, é de pequenino que se torce o pepino!


Educar não somente para serem exímios motoristas, mas também, cidadãos responsáveis, éticos e comprometidos com a segurança e qualidade de vida de todos!

Acredito que a mudança seja possível se tivermos leis que sejam aplicáveis, planos que sejam executáveis, maior fiscalização, vias mais seguras, ruas completas, campanhas educativas permanentes, uma reformulação na formação dos condutores e professores, investimento real em educação para o trânsito desde o início da formação escolar até o ensino superior, com a perspectiva de que um bom programa só gera resultados a médio e longo prazo! A educação para o trânsito nas escolas deve ser investimento constante, permanente, transparente, utilizando de recursos embasados nas metodologias ativas, de forma coesa e clara em seus objetivos, com a finalidade de formar cidadãos para a cultura da paz! Cidades educadoras possuem a premissa de capacitar seus moradores e desta formar criar uma rede de protagonistas responsáves pela melhoria e qualidade de vida coletiva.


Acredito que a mudança seja possível se tivermos leis que sejam aplicáveis, planos que sejam executáveis, maior fiscalização, vias mais seguras, ruas completas, campanhas educativas permanentes, uma reformulação na formação dos condutores e capacitação de professores escolares, além de investimento real em educação para o trânsito desde o início da formação escolar até o ensino superior, com a perspectiva de implantação de um programa de educação para o trânsito eficaz permanente, com equipe capacitada, utilizando de recursos financeiros, tecnológicos e materiais, embasados nas metodologias ativas, de forma coesa e clara em seus objetivos com a finalidade de formar cidadãos para a cultura da paz e evitar tantas histórias interrompidas! A proposta das Cidades educadoras têm a premissa de capacitar seus moradores e desta maneira criar uma rede de protagonistas responsáveis pela melhoria e qualidade de vida coletivas, incentivando através de mudança de comportamento e atitudes, tornar a cidade um ambiente aprazível e seguro à todos, incluindo o trânsito. Está na hora de começarmos a espalhar boas práticas, sermos bons exemplos para nossos filhos, nossos alunos, amigos, inclusive no trânsito. Está na hora de virámos a chave e contarmos boas histórias!


 

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7 comentários

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Wanderlei Cesar Barneze
Wanderlei Cesar Barneze
24 de out. de 2023
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

É nosso sonho vias completas, educação para todo lado. Não podemos perder tempo em introduzir nas crianças o que é o trânsito e como você disse seguir até o ensino mais adiantado. A matéria trânsito nas escolas difícil de ser introduzida de vez. Vamos ser criativos e conseguiremos muitos avanços. Stefânia parabéns pelo empenho de pensar no Trânsito, uma forma muito valiosa de colaborar. Sucesso.

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Carla Ribeiro Sousa
09 de out. de 2023
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Muito bom.

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Vini Bona
Vini Bona
27 de set. de 2023
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Adorei a crônica!

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Ana Elise Germano Dumas
12 de set. de 2023
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Stefania enriqueceu minha tarde com esta crônica. Parabéns 💐👏

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Regiani Lacerda
Regiani Lacerda
11 de set. de 2023
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Esse titulo merece ser tema de campanha, perfeito! Stefenia arrasou!!! ❤️

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