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O SUV DA FAMÍLIA PRADO: ENTRE FICÇÃO E REALIDADE

O SUV DA FAMÍLIA PRADO: ENTRE FICÇÃO E REALIDADE


Há algum tempo, escrevi um texto sobre uma família fictícia chamada Prado. Cansados das limitações logísticas para reunirem-se anualmente, decidiram dar um passo além: compraram um ônibus. Nada mais justo, afinal, se o objetivo era transportar todos com conforto e segurança, por que se contentar com pouco? No entanto, aquilo que durante os encontros da família tornou-se um sonho, no restante do ano transformou-se num verdadeiro martírio. As dificuldades iam desde lugar para estacionar até os custos com manutenção e consumo de combustível.



O curioso (ou talvez nem tanto) é que, algum tempo depois, minha ficção ganhou um paralelo inesperado na realidade. Meu compadre fez sua própria versão do "Plano Prado". Obviamente ele não adquiriu um ônibus, mas, para acomodar os amigos nas suas frequentes viagens para acampar, optou por um Toyota Prado - um SUV de sete lugares, 4,85 metros de comprimento e mais de duas toneladas. A aquisição trouxe consigo um dilema digno de fábula: o carro simplesmente não cabe na vaga do prédio. Sim, um veículo tão grande que não cabe na própria casa. Resultado? O SUV agora dorme na rua, exposto ao tempo e aos riscos.

Essa ironia - do nome, da ficção que virou realidade, da falta de espaço para tanto carro - não é um caso isolado. Como já discuti em outros textos, SUVs são como elefantes de estimação: imponentes, caros e difíceis de acomodar. Sim, oferecem uma sensação de segurança, mas às custas de uma série de problemas que poucos se dão ao trabalho de considerar: maior consumo de combustível, mais poluição, riscos aumentados para pedestres e ciclistas e, claro, a eterna dificuldade de estacionar sem invadir territórios alheios.

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Mas a fascinação pelos SUVs segue firme. Eles vendem um ideal de poder, aventura e robustez -mesmo que a maior "trilha" que enfrentem seja subir a rua até a padaria. E assim, seguimos nessa curiosa escalada do excesso: saímos dos hatchbacks para os sedãs, dos sedãs para os SUVs compactos, dos compactos para os gigantes de sete lugares, e, quem sabe, daqui a alguns anos, estaremos realmente comprando ônibus para garantir o “conforto” familiar.

Se isso acontecer, ao menos minha crônica terá se antecipado à tendência. Até lá, seguimos torcendo para que o próximo passo dessa evolução não exija carteira de motorista categoria D - ou brevê.


 

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