Há aproximadamente seis meses, Porto Alegre voltou a contar com um serviço de compartilhamento de patinetes elétricos. Desde então, o serviço vem sendo oferecido pela empresa Whoosh, que se apresenta como "O novo caminho para mobilidade urbana", tendo disponibilizado 450 patinetes em regiões centrais da cidade. Na ocasião, o então Secretário de Mobilidade Urbana destacou:
“Entendemos a importância da integração da micromobilidade, com especial atenção à segurança viária e o uso adequado dos equipamentos. Na mobilidade urbana, pensamos a cidade para todos os modais e os patinetes são fundamentais no complemento ao sistema de transporte.”
Recentemente, recebi uma missão um tanto quanto inusitada: testar um desses patinetes. Por operarem em regiões centrais da cidade, as quais são naturalmente mais populosas, justamente por questões de segurança, a prefeitura solicitou à empresa Whoosh que limitasse a velocidade dos aparelhos em locais com maior circulação de pedestres, passando dos habituais 24 para 12 km/h.
Quando recebi a incumbência de verificar se tal alteração havia de fato sido realizada pela operadora dos patinetes, a primeira dúvida que me ocorreu foi: como o patinete é configurado para que a velocidade seja limitada apenas em determinadas áreas? Tão logo abri o aplicativo, conforme a imagem a seguir, minha hipótese foi confirmada: geolocalização.
A área circulada em vermelho refere-se à zona de atuação dos patinetes em velocidade normal, ou seja 24 km/h. Já as circuladas em laranja, são aquelas de velocidade reduzida.
Notei, com certo espanto, que a preocupação do Secretário no que dizia respeito à segurança havia de fato sido considerada pela empresa quando, ao adentrar na área onde era prevista velocidade máxima de 12 km/h, com uma precisão surpreendente, o patinete emitiu um sinal sonoro, uma simpática tartaruguinha começou a piscar no visor do seu painel e sua velocidade foi instantaneamente reduzida pela metade. Assim como sucedeu no sentido contrário, quando ao deixar a área de velocidade reduzida, um novo sinal sonoro fez sumir a tartaruguinha do painel e o patinete voltar a acelerar agilmente até sua velocidade normal de 24 km/h.
Eu, que há tempos sou um defensor ferrenho da redução da velocidade máxima em perímetros urbanos, não pude me privar de pensar ao descobrir aquela fantástica funcionalidade daquele pequeno veículo de não mais de 15 kg e R$ 5.000 (creio eu):
"Como podem veículos automotores de mais de uma tonelada e que custam dezenas (às vezes até centenas...) de reais a mais que esse pequeno patinete ainda não contarem com essa tecnologia?"
Imagine você viver em um mundo onde não houvesse mais controladores de velocidade... Um mundo no qual você pudesse viajar tranquilamente, sem preocupar-se com as constantes mudanças de velocidade máxima das rodovias que cortam zonas urbanas... Um mundo em que crianças saíssem andando com segurança de suas escolas e seus pais pudessem esperá-las com tranquilidade, sabendo que nenhum veículo mais seria capaz de cruzar a frente de uma escola a velocidades superiores que 30 km/h! Tudo isso porque o próprio veículo seria configurado a reduzir, através de sua geolocalização, em determinadas áreas da cidade preestabelecidas pelos órgãos gestores do trânsito.
Aquele breve passeio de não mais que 5 minutos me fez aprender que tecnologia para tal já existe. Resta ainda saber: existirá vontade política para isso???
LANÇAMENTO!
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