O DIA EM QUE MEU CARRO TEVE UM INFARTO
- Rodrigo Vargas
- 22 de mar.
- 2 min de leitura

Meu carro sempre teve personalidade própria. Às vezes, roncava animado de manhã, às vezes, tossia como um fumante de longa data ao dar a partida. Mas ultimamente, ele vinha apresentando sintomas preocupantes: engasgos, falta de ânimo, e um comportamento errático que faria até um GPS perder a paciência. Até que um dia, simplesmente, parou. Tentou, gemeu, mas não deu sinal de vida. Seria o seu fim?
Chamei o primeiro guincho que encontrei no Google e, com a velocidade de uma ambulância que leva um paciente para a UTI, chegamos na oficina, aquele hospital para automóveis, onde os doutores da graxa, também conhecidos como mecânicos, analisaram o paciente com olhares clínicos. O diagnóstico veio rápido: "A bomba de combustível queimou!" Ou seja, meu carro teve um infarto.
O mecânico, com ares de cirurgião-chefe, foi categórico: “Antes de qualquer coisa, precisamos fazer o coração voltar a bater”. A situação era grave. Não havia mais pulso. O motor, esse coração de ferro, precisava de um transplante urgente. A equipe entrou em ação. Ferramentas viraram bisturis, graxa virou plasma e, no lugar de enfermeiros, tínhamos ajudantes de mecânico segurando lanternas com a precisão de um anestesista. O motor, outrora vibrante e cheio de vida, jazia ali, silencioso, esperando pelo milagre da combustão.
Depois de um transplante de bomba de combustível, o motor finalmente respondeu. Primeiro com um gemido rouco, depois com um ritmo mais constante. Era como se meu carro tivesse saído de um coma induzido. O mecânico então fez um check-up completo: revisão de bicos injetores, checagem de velas, troca de cabos – um verdadeiro check-up. Afinal, se um carro tem coração, ele também tem pulmão (filtros de ar), veias (mangueiras), sistema nervoso (fiação) e, claro, uma personalidade forte (qualquer dono de carro sabe disso!).
"Agora ele tá zerado, mas vê se dá um combustível decente pra ele, né? Nada de ficar enchendo com aquela gasolina suspeita de posto duvidoso. Coração bom precisa de alimentação boa!" - disse o mecânico.
Saí da oficina sentindo que, mais do que um carro, eu tinha um paciente recém-operado. Liguei o motor com delicadeza, como quem sussurra "vai ficar tudo bem". Ele respondeu com um ronco macio, quase emocionado. Como qualquer ser humano, ele só precisava de um pouco de cuidado – e talvez menos traumas causados pelo combustível vagabundo.
Moral da história? Se o seu carro começa a engasgar, não ignore os sinais. Pode ser só um resfriado… ou um aviso de que está prestes a ter um ataque cardíaco. E ninguém quer ter que fazer respiração boca a boca no radiador, quer?
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