Quem me conhece e/ou acompanha meu trabalho sabe que sou completamente aficionado por tecnologia. No entanto, quando minha esposa apareceu com essa ideia achei um certo exagero. Não tanto pela possibilidade. Muito mais pela efetividade e, principalmente, o custo benefício. Mas acalme-se! Não me refiro aqui a um robô de verdade, como aquele dos Jetsons ou de O homem bicentenário, já citados em SEU CARRO JÁ RECEBE SUAS ENCOMENDAS?. Refiro-me a uma tecnologia há pouco trazida ao mercado brasileiro: o robô aspirador.
As primeiras pesquisas, confesso, me deixaram um tanto quanto desanimado, sobretudo pelos valores dos aparelhos encontrados. Muitos passavam da casa dos quatro dígitos… Entretanto, com mais algumas pesquisas, encontramos outros modelos com valores bem mais atrativos, entre 400 e 500 reais. Embora não fosse um valor exorbitante, seguia cético: “será que esse ‘troço’ limpa de verdade?”. Ao que dependesse do meu voto, a compra seria cancelada. Mas fui voto vencido…
E, como se fosse obra do destino, no dia da entrega do produto quem estava em casa para recebê-lo?! Obviamente que a curiosidade não permitiu que eu esperasse minha esposa chegar para abrir o pacote e, uma vez aberto, por que não testá-lo? E, surpreendentemente, não é que o aparelhinho limpa mesmo! Desde então, tornou-se de rotina da casa, duas ou três vezes por semana, logo pela manhã, “alimentar” nosso pequeno amigo eletrônico durante uns 60 minutos no carregador e, antes de sair de casa para o trabalho, deixá-lo “passeando” pelos cômodos da casa.
Infelizmente, a ajuda do aparelhinho não nos livra daquela boa e velha faxina semanal, mas ele quebra um belo galho. Isso me fez refletir sobre uma questão já abordada por mim em O MAESTRO DAS CIDADES: o tempo. Na sociedade em que vivemos, o tempo tornou-se um valor. Benjamin Franklin, ainda em meados do século XVIII, em meio à revolução industrial, já dizia “Tempo é dinheiro”. No entanto, você há de concordar, parece que com o passar dos anos, a medida em que as tecnologias evoluem as pessoas parecem ficar cada vez mais sem tempo!
Um dia desses li num artigo que esse sentimento contemporâneo é devido justamente à tecnologia, que acaba nos permitindo fazer muito mais coisas do que fazíamos há alguns anos em um mesmo espaço de tempo. Eu tenho a minha própria teoria: a de que os minutos não têm mais 60 segundos, os dias não têm mais 24 horas e, por conseguinte, os anos não têm mais 365 dias (risos). Mas, infelizmente, exatas nunca foram o meu forte. Sendo assim, enquanto não encontro subsídios matemáticos para comprovar minha teoria, sigo tentando entender o que faz das pessoas tão ocupadas na atualidade e, se possível, refutar aquela teoria que responsabiliza a tecnologia por isso. Quem sabe quando a tecnologia nos permitir ter robôs reais nos ajudando nos afazeres diários nossas vidas sejam mais tranquilas e menos corridas…
No exato momento em que reflito sobre isso, coincidentemente, sou despertado dos meus devaneios pelo som da minha música favorita: é o despertador do meu celular avisando que está na hora de levantar. Antes mesmo de calçar o chinelo, ouço o “bip” da panificadora na cozinha que espalha pelo apartamento inteiro o cheiro do pão quentinho que acabou de ficar pronto, a qual deixara programada na noite anterior. Juntamente, é óbvio, com a cafeteira, que começa a roncar passando os últimos goles de café. Os “perfumes” do pão quentinho e do café fresco se misturam, irrompendo o corredor e me fazendo pensar em uma extensa e farta mesa de café da manhã, a qual sou imediatamente obrigado a esquecer assim que o celular vibra novamente, avisando que o Uber que eu agendei na véspera está a 10 minutos de distância. “Ah, se eu pudesse ter um clone…” penso comigo mesmo. E antes de sair, entre um malabarismo para calçar o sapato e outro para terminar o último gole de café, tudo isso sem tropeçar no robô aspirador que já circula pela sala, puxo o celular do bolso enquanto fecho a porta e solicito ao Google: “artigos sobre clonagem”. Vai que dou sorte…
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