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Foto do escritorRodrigo Vargas

CORRA PARA AS COLINAS: A INÉRCIA DE PORTO ALEGRE

CORRA PARA AS COLINAS
Elevada do Viaduto da Conceição após a enchente. Centro de Porto Alegre (Maio de 2024)

Ainda que exausto fisicamente, minha mente estava fervilhando. Assim como um doente precisa de remédio, precisava escrever. Após 10 horas de trabalho no auxílio aos voluntários que resgatavam os desabrigados da enchente, cheguei em casa com uma ideia fixa e duas músicas que têm sido praticamente trilhas sonoras que insistem em tocar num looping infinito na minha mente: Quando a Gira Girou, do Zeca Pagodinho, e Run to the rills, do Iron Maiden (sim, eu tenho gostos musicais beeem ecléticos!).




Na canção da banda inglesa de heavy metal, composta em 1982, foi a primeira vez que lembro de ter ouvido a expressão "Corra para as colinas", a qual faz alusão à invasão das terras dos indígenas norte-americanos (peles vermelhas) pelos colonizadores (homem branco) e o contra-ataque do povo nativo. A origem exata do termo não é conhecida com certeza, mas sua associação mais famosa remonta aos filmes de faroeste, onde, frequentemente, os personagens alertavam uns aos outros para "correrem para as colinas" quando estavam em perigo, geralmente durante um ataque de índios ou de bandidos.


A expressão ganhou popularidade e passou a ser usada em diversas situações para indicar a necessidade de se afastar rapidamente de algo perigoso ou desagradável, como a iminência de uma enchente, por exemplo. A maior enchente já registrada em Porto Alegre (RS) havia ocorrido em 1941, quando o Rio Guaíba, cuja cota de inundação é de 3 metros, chegou a uma altura de 4,76 metros, segundo registros da época, deixando cerca de 70 mil pessoas desabrigadas. O que parece pouco, comparando-se aos 5,3 metros alcançados pela enchente de 2024.


No entanto, o trauma de 1941, ainda que devastador, pouco mudou na relação da cidade com o rio. Foi preciso uma nova inundação, desta vez em 1967, para que algo fosse efetivamente feito. Os efeitos da enchente de 1967 resultaram na criação do Sistema de Proteção Contra Cheias, inaugurado na década de 1970, que deveria proteger a cidade de cheias de até 6m, o que significa que se tudo estivesse funcionando como deveria, Porto Alegre estaria seca neste momento.


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Mas infelizmente não foi o que aconteceu. Das cinco maiores cheias do Guaíba registradas desde 1941, quatro ocorreram apenas nos últimos oito anos. As mudanças ocasionadas pelo aquecimento global, somadas às características hidrológicas do Rio Grande do Sul, contribuíram para as situações extremas que temos vivenciado, mas não foram as únicas. Especialistas alertam para a falta de manutenção nas estruturas de controle das águas.


Para a arquiteta Mima Feltrin, se a tragédia de 1941 causou alguma surpresa, a de 2024 era fato anunciado. A pesquisadora defende que desde a década de 1970, cientistas brasileiros têm produzido estudos robustos sobre as inundações no estado. E desde os anos 2000, analistas avaliam que se houvesse uma convergência geográfica, hidrográfica e meteorológica poderia haver uma enchente igual ou superior a de 1941. "Estamos falando de, pelo menos, 25 anos de avisos”, diz ela. A inércia diante dos fatos representa, para a arquiteta, uma estratégia política. “Aqui no Brasil a lógica é inversa. Gastamos cerca de 14 vezes mais com reconstrução do que com a prevenção de tragédias”. Será que para as tragédias vivenciadas diariamente no trânsito do país a mesma lógica se aplica?


Diante do novo trauma, André Silveira, pesquisador do Instituto de Pesquisas Hidrológicas (IPH) da UFRGS, resume:


“Está tudo igual a 1941, e 80 anos não mudaram praticamente nada. Vamos ter que começar tudo de novo. Espero que dessa vez aprendamos alguma coisa”.

Caso a esperança do pesquisador André Silveira não venha a se concretizar, ficamos apenas com a sugestão do bom e velho Iron Maiden: CORRA PARA AS COLINAS!


 

Fonte: Veja

 

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