Quem nunca teve aquele amor de verão, do qual guardamos lembranças durante anos e anos? Geralmente acontecem durante as férias, numa casa de praia ou durante alguma excursão de carnaval. Mas, no meu caso, foi um pouco diferente. Embora tenha de fato se consumado durante as férias de verão, não nos conhecemos nem na praia, nem tão pouco no verão. Foi no ano de 2016, em meados do mês de junho, ao entrar em um tradicional shopping da zona sul de Porto Alegre que a vi pela primeira vez. Lá estava ela, majestosa, mas sem ser exagerada. Posava altiva bem no meio do corredor principal, parecendo não se importar com os olhares curiosos que a fulminavam. Do tamanho certo, nem muito grande, nem muito pequena. A final, como afirmei recentemente em outro artigo, no que diz respeito a carros e mulheres, ainda prefiro os modelos compactos.
Por ser um homem fiel aos meus princípios, tratei logo de tirar da cabeça aqueles devaneios que me inundaram por alguns minutos. Tendo em vista que, na ocasião, ainda estava comprometido com minha antiga paixão. Mas, como diz um sábio dito popular que trago dos tempos de rodoviário: Nessa vida, tirando o cobrador e o motorista, o resto é tudo passageiro. Com essa paixão não poderia ser diferente… Eis que há uns seis meses, aproximadamente, após muita reflexão, esse romance se desfez, como contei nesse artigo.
Nessas últimas férias de verão, por motivos que, a essa altura, já devem ser bastante óbvios, precisei alugar um carro para fazer uma viagem. Resolvi então, muito em função da economia obtida nos últimos seis meses, me dar ao luxo de fazer algo que em outras circunstâncias eu não faria: alugar um SUV. Pelo fato de, no momento da reserva, você não poder escolher modelo, apenas a categoria, a possibilidade de encontrá-la na hora da retirada me rendeu alguns dias de ansiedade.
Eis que chega o tão esperado dia da retirada na locadora! E, ao me aproximar da loja, ainda de dentro do ônibus, pude enxergá-la no pátio, como que a me esperar, em meio a outros dois modelos da mesma categoria, que, da mesma forma, me fariam muito bem servido, mas, evidentemente, não fariam meus olhos brilhar como ela fez desde a primeira vez que a vi naquele shopping. Na fila a espera parecia não ter fim, até que a atendente, com ar de descaso, soltou o aguardado “próximo…”. O cadastro pareceu durar uma eternidade e, a cada novo dado solicitado meu coração parecia bater mais forte. Quando ela saiu e foi até o pátio buscar a chave meus olhos seguiam fixos cada passo que ela dava em direção ao veículo. Até que… droga! A perdi de vista… De repente ela aparece novamente atrás do balcão. Nada. nenhum esboço de falar qual o modelo selecionado. Não pude conter a ansiedade, mas, quando estava prestes a perguntar, notei que sobre a mesa, logo atrás do balcão de atendimento, estava a chave do carro, na qual brilhava reluzente a marca da montadora japonesa estampada no chaveiro estilo canivete. Era ela. Finalmente a conheceria…
Foram apenas nove dias, mas com certeza me marcaram. Guardarei ótimas lembranças dos nossos passeios pelo interior de Santa Catarina. Posso ter meus princípios, afirmar que nunca teria um SUV. Mas ainda hoje, mesmo que as férias já tenham acabado e o verão já dê seus últimos suspiros, mesmo que eu esteja sobre a minha mais nova paixão (minha bike), quando passo por ela na rua meus olhos ainda brilham e ainda sou invadido pelos mesmos devaneios daquele dia no shopping. Por que será que alguns amores fazem isso com a gente?
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